domingo, 2 de outubro de 2011

Bom exemplo de conservação urbana em Manaus

















A primeira vez que estive em Manaus, capital do Amazonas, foi em 2005, quando participei do IX Simpósio Nacional de Geografia Urbana. O tema principal do evento versou sobre as "Cidades: territorialidades, sustentabilidade e demandas sociais". Quando cheguei na cidade, percebi a extrema pertinência do assunto para aquela capital do Norte do país. Abraçada pela floresta e pelos Rio Negro/Solimões, Manaus me chocou pelos exemplos gritantes de conflito entre preservação, conservação e demandas sociais. A ocupação precária e insustentável nos igarapés (espécie natural de canais de drenagem que cortam Manaus) muito me lembrava as favelas que na época ocupavam a comunidade do Passo da Pátria em Natal/RN e outras áreas que margeiam o estuário do Potengi/Jundiaí. Naquela ocasião, ainda em processo de amadurecimento técnico como servidor público, vivia um difícil conflito de posicionamento entre a tão propalada preservação ambiental e a minha particular angústia e maior preocupação com a concreta realidade social.
Enfim, devido a compromissos do meu trabalho como geógrafo precisei retornar à Manaus este mês. Fiquei extremamente emocionado com o atual momento e estágio de processo de mudança da paisagem manauara. Em algumas áreas em que minha recordação me remetia a situações revoltantes de humilhação, às quais eram submetidas crianças e idosos, tais como o banho dos moradores em águas fétidas de esgoto doméstico e hospitalar, me deparei recentemente com áreas salubres organizadas e de convivência com as limitações ambientais dos igarapés.
O Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM) foi uma iniciativa pioneira do poder público estadual, que buscou contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população propondo um conjunto de ações integradas envolvendo as áreas de engenharia, meio ambiente, urbanismo, habitação, social e institucional. Para cumprir esse objetivo o programa se baseou em torno de três grandes eixos que se interligam e se complementam: Infra-estrutura Sanitária; Sustentabilidade Social e Institucional; e Recuperação Ambiental. Ganhou o ambiente, com o fim do lançamento de esgotos em natura que eram lançados para os Rios Negro e Solimões. Ganhou a cidade com a criação de áreas agradáveis, salubres e que se transformaram em verdadeiros pontos turísticos. Entretanto, o grande beneficiário com o Programa foi a população carente dessas áreas que tiveram suas residências em madeira substituídas por edificações em alvenaria e sob áreas tratadas, ajardinadas e saneadas. Mais respeito e saúde em uma cidade referência para a compreensão da possibilidade de convivência entre preservação e atendimento de demandas sociais. Sem extremismos, exageros e desrespeito ao ser humano e a natureza. Apesar de ainda existirem áreas precárias na cidade, foi bastante alentador já poder testemunhar mudanças. Parabéns Manaus!

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