domingo, 13 de novembro de 2011

A proteção ambiental é tangível apenas pelo viés técnico e científico?

Na semana passada, a convite da professora Mary Sorage, ministramos duas palestras para as turmas do curso de Gestão Ambiental da Universidade Potiguar(UnP). Na ocasião fizemos um breve resgate do histórico de construção das Áreas Protegidas no Brasil até alcançar o contexto municipal. Durante a troca de conhecimentos, tanto para mim, que tive a oportunidade de dialogar com outros profissionais que já atuam na gestão ambiental, quanto para os alunos, que puderam compatibilizar aspectos práticos da teoria conservacionista, muito me chamou a atenção a convergência de nossas preocupações.

Alguns alunos, que posteriormente entraram contato conosco via e-mail, repetidamente nos indagaram pela impossibilidade no cumprimento dos preceitos preservacionistas, sempre alegando a falta de interesse político. Mesmo reconhecendo o respaldo técnico-científico promovido pela ciência, a desesperança pela superação dos problemas nos pareceu extremamente preocupante.

Que a ciência e a técnica são basilares para a compreensão da dinâmica da natureza é fato, não se discute. Entretanto, por si só, essas duas áreas do conhecimento não são suficientes para compreender a totalidades dos problemas que hoje vivenciamos, sejam eles ambientais, econômicos, psicológicos ou sociais, numa perspectiva de se buscar soluções práticas.

De que adianta o restrito conhecimento da dinâmica de um dado ecossistema se não há uma reflexão crítica e propositiva para a superação de problemáticas emergentes. Em muitas situações o foco do cidadão está focado ou no aspecto natural ou social, raramente existe o entendimento do ambiente na sua plenitude. Parece óbvio, todavia não está claro para muitos cidadãos a necessidade do entendimento do processo político que envolve a gestão do espaço geográfico, fundamental a superação dos problemas ambientais recentes e passados. A compreensão das relações de poder político, que muitos confundem com politicagem, é indispensável à elaboração e a implantação de ações conservacionistas que contemplem tanto a “natureza” quanto a “sociedade”.

Não basta ser um excelente técnico! O maior especialista num dado ecossistema! De que adianta tanto conhecimento sobre suas composições, potencialidades e fragilidades se tais dados não subsidiam ações práticas, que visem a superação das barreiras ao desenvolvimento sustentável? Acredito que a sociedade já possui muitos autores (e que continuem crescendo). O mundo, logo precisa de mais protagonistas para tantos roteiros de desenvolvimento sustentável. Quem se habilita?