quarta-feira, 12 de outubro de 2011

IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O pior combustível do Brasil na capital que tinha o ar mais puro da Américas

A bastante tempo tinha o conhecimento que no Rio Grande do Norte se comercializa o combustível de pior qualidade do país. Ou seja, aquele que quando é utilizado lança na atmosfera uma quantidade maior de poluentes. Enfim, no dia de hoje a Tribuna do Norte publicou matéria com o detalhamento do assunto. Pela grande relevância da reportagem, apresento na integra o artigo.

RN está fora de iniciativa antipoluente


Ricardo Araújo - Reporte
Publicação: 07 de Outubro de 2011 às 00:00
Setecentas cidades brasileiras terão que substituir o óleo diesel comercializado nos postos de combustível a partir do ano que vem. Nenhum município do Rio Grande do Norte, porém, está inserido na listagem apresentada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) semana passada. O diesel utilizado por caminhões, geradores de energia elétrica, caminhonetes, ônibus e micro-ônibus no Estado, é o mesmo utilizado por navios - óleo diesel A S1800 e B S1800 - que concentra o maior índice de enxofre dentre os demais tipos que abastecem as frotas em outros municípios do país. É, portanto, o que mais causa poluição.

Emanuel AmaralA fumaça preta que sai dos veículos que usam o óleo diesel como combustível, se deve ao alto teor de enxofre do produto. No RN, o óleo diesel comercializado é o mais poluente
A fumaça preta que sai dos veículos que usam o óleo diesel como combustível, se deve ao alto teor de enxofre do produto. No RN, o óleo diesel comercializado é o mais poluenteO tipo de óleo diesel que a ANP determina que seja distribuídos nos postos de abastecimento é o A S50 e B S50 que são compostos por um teor máximo de enxofre de 50 miligrama/quilo. No Rio Grande do Norte, o óleo diesel vendido é composto por 1800 miligrama/quilo. Em 2011, de acordo com levantamento da Agência, o percentual de comercialização do combustível mais limpo aumentará em 42,5% em relação ao ano de 2009. A substituição dos tipos de óleo obedecem a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre a ANP e o Ministério Público Federal em 2008.

De acordo com o diretor das empresas Trampolim da Vitória (Parnamirim) e Cidade do Sol (Mossoró), Gino Costa, a capital potiguar será a única em todo o país que não receberá o diesel limpo - A S50 e B S50. "Não entendo porque o Rio Grande do Norte ficou fora desse programa. Fica difícil até mudarmos nossa frota pois os ônibus novos só funcionam alimentados pelo combustível mais limpo", ressaltou. Gino comentou que estados vizinhos ao nosso já recebem o óleo especificado pela ANP há alguns anos. "O RN é sempre o último em quase tudo", destacou o Gino Costa.

Atualmente, os postos potiguares comercializam óleo diesel a um custo médio de R$ 2,04 por litro, segundo a ANP. A variação do custo final do litro do óleo diesel limpo, em relação ao utilizado hoje no Rio Grande do Norte, oscila entre R$ 0,03 e R$ 0,15. Segundo Gino Costa, mesmo o preço sendo relativamento superior, a vida útil do veículo e o maior aproveitamento do combustível compensam o investimento. Na opinião de Gino Costa, o diesel vendido no Estado é ruim. "É por isso que vemos aquela fumaça preta mesmo em veículos novos movidos à diesel. É a qualidade do óleo que é ruim. É o mesmo de navios que transportam mercadorias pelos oceanos. Imagine a diferença. A gente inspira muita poluição", ressaltou.


POLÍTICAPara o diretor de comunicação do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), Augusto Maranhão, faltou empenho político para incluir o Rio Grande do Norte na rota de distribuição do combustível limpo. "O Seturn lamenta, como sempre, a desatenção da política na esfera federal que o estado tem tido ultimamente", disse. Ele cita o exemplo de Aracaju, cidade que receberá o diesel recomendado pela ANP a partir de 2012.

"Temos certeza que Aracaju não tem mais destaque que Natal nesse contexto e, todavia, a capital sergipana será incluída nesse projeto de combustível limpo", destacou. Para ele, é preciso que a classe política potiguar "acorde para urgentemente buscar essa nova mistura de óleo diesel para que Natal continue sendo o ar mais puro das Américas".

O procurador-geral do Estado, Miguel Josino Neto, foi procurado pela TRIBUNA DO NORTE para comentar a não inclusão dos municípios do Rio Grande do Norte na listagem divulgada pela ANP. Josino afirmou que desconhecia os motivos.

Ele sugeriu que o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Benito da Gama Santos, e o diretor executivo da Companhia Potiguar de Gás (Potigás), Saulo Carvalho, fossem consultados. Nenhum deles entretanto, respondeu às tentativas de contato telefônico. O Governo do Estado irá iniciar estudos de qualidade do ar para analisar a possibilidade de implantação da inspeção veicular obrigatória a partir do ano que vem.
Fonte: Tribuna do Norte
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domingo, 2 de outubro de 2011

Bom exemplo de conservação urbana em Manaus

















A primeira vez que estive em Manaus, capital do Amazonas, foi em 2005, quando participei do IX Simpósio Nacional de Geografia Urbana. O tema principal do evento versou sobre as "Cidades: territorialidades, sustentabilidade e demandas sociais". Quando cheguei na cidade, percebi a extrema pertinência do assunto para aquela capital do Norte do país. Abraçada pela floresta e pelos Rio Negro/Solimões, Manaus me chocou pelos exemplos gritantes de conflito entre preservação, conservação e demandas sociais. A ocupação precária e insustentável nos igarapés (espécie natural de canais de drenagem que cortam Manaus) muito me lembrava as favelas que na época ocupavam a comunidade do Passo da Pátria em Natal/RN e outras áreas que margeiam o estuário do Potengi/Jundiaí. Naquela ocasião, ainda em processo de amadurecimento técnico como servidor público, vivia um difícil conflito de posicionamento entre a tão propalada preservação ambiental e a minha particular angústia e maior preocupação com a concreta realidade social.
Enfim, devido a compromissos do meu trabalho como geógrafo precisei retornar à Manaus este mês. Fiquei extremamente emocionado com o atual momento e estágio de processo de mudança da paisagem manauara. Em algumas áreas em que minha recordação me remetia a situações revoltantes de humilhação, às quais eram submetidas crianças e idosos, tais como o banho dos moradores em águas fétidas de esgoto doméstico e hospitalar, me deparei recentemente com áreas salubres organizadas e de convivência com as limitações ambientais dos igarapés.
O Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM) foi uma iniciativa pioneira do poder público estadual, que buscou contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população propondo um conjunto de ações integradas envolvendo as áreas de engenharia, meio ambiente, urbanismo, habitação, social e institucional. Para cumprir esse objetivo o programa se baseou em torno de três grandes eixos que se interligam e se complementam: Infra-estrutura Sanitária; Sustentabilidade Social e Institucional; e Recuperação Ambiental. Ganhou o ambiente, com o fim do lançamento de esgotos em natura que eram lançados para os Rios Negro e Solimões. Ganhou a cidade com a criação de áreas agradáveis, salubres e que se transformaram em verdadeiros pontos turísticos. Entretanto, o grande beneficiário com o Programa foi a população carente dessas áreas que tiveram suas residências em madeira substituídas por edificações em alvenaria e sob áreas tratadas, ajardinadas e saneadas. Mais respeito e saúde em uma cidade referência para a compreensão da possibilidade de convivência entre preservação e atendimento de demandas sociais. Sem extremismos, exageros e desrespeito ao ser humano e a natureza. Apesar de ainda existirem áreas precárias na cidade, foi bastante alentador já poder testemunhar mudanças. Parabéns Manaus!